segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Histórias de uma vida que viraram Tradição


... A partir de hoje, compartilharei a construção do primeiro Livro da Tradição Imortais da Terra com todos...
" A Introdução já dá um gostinho do que vai ser o Livro!!!
Luciana Machado


Acordei implorando para que a dor parasse, meu corpo imóvel, paralizado pelo medo…

Mas eu sabia que eles estaríam no quarto, que ao acordar, eles continuaríam lá. Sabia que a surra continuaria, mesmo assim, tentei reagir. Meu braço doía, marcas de garras ardiam, e os monstros continuaram a tortura. Eu tinha 7 anos e na minha inocência, chamava por Deus, pelo meu Anjo da Guarda. Quem sabe alguém pudesse me ajudar naquele momento? Mas nunca tive qualquer ajuda.
As surras espirituais, por seres das Trevas, continuaram até meus 13 anos, e foi assim que conheci os demônios….
Aos poucos fui ficando violenta também. E não me lembro quando, mas chegou o dia que também conseguia agredi-los, também batia. Conseguia afastá-los com meu ódio, e muitas vezes os joguei para longe, somente com o levantar da mão.
Cresci assim. Aos poucos fui me afastando da igreja, embora tenha sido anjinho na Coroação de Maria, cantado em Coral e dentro dela até conheci uma pessoa incrível, o Padre Inácio, que tinha visão, e muitas vezes me disse que Deus me amava e que ele sabia o que eu passava, mas que não contasse a ninguém, não comentasse as outras pessoas o que eu via e vivia. Mas fui me afastando porque as dores das surras eram maiores que o carinho que ele e sua Igreja podiam me dar. Quando aos 12 anos, conheci os horrores do mundo dos homens, a dor do coração humano, a vergonha e a culpa. Cheguei a conclusão que eu não era uma criatura de Deus, ou no mínimo pensava eu, que ele não gostava de mim…
Cresci em meio a histórias que não eram bem vistas… Mulheres que falavam com a lua, que tinham visão e eram internadas como psicóticas, problemas e mais problemas que eram abafados, nunca nem mesmo sussurrados, aprendi a ficar calada. Tinha porém vários amigos mortos que me davam muitas facilidades…. A hora que a mãe descia na parada de ônibus a caminho de casa do trabalho e que, portanto, todas as tarefas deveriam estar prontas. Fugir na hora certa em que as bombas naturais de quando se é criança, iriam estourar, escapei de muitas surras…. Mas via e ouvia o outro mundo, sabia quem iria morrer, quem sofreria um acidente, mas nunca confirmei. Sempre que questionada, neguei. Porque sabia que iriam me levar ao médico, assim como assisti  muitas vezes levarem outras pessoas e  isso me afastou também de minha família …
Certo dia, com aproximadamente 9 anos, uma amiga me perguntou se eu acreditava em Deus e se ele existia? Já que via  os outros mundos, já que sabia  o que existia do outro lado…. Olhei para ela e disse, acho que ele existe sim, mas não acho que seja bonzinho ou proteja as crianças.
Enquanto na adolecência meus amigos cheiravam loló e fumavam maconha, eu de cara limpa e vendo parte de tudo que eles viam, lhes dizia: isso é viagem; ou … esta parte é real, eles estão ali, são demônios, monstros, mortos… Cuidava deles, pois eram bons amigos, me aceitavam como eu era, não precisava mentir não ver nada, não saber de nada.
As visões e a audição completamente em descontrole, lembranças de outras vidas que não faziam sentido e pareciam maldições, os inimigos espirituais e a desestrutura emocional, me fizeram sair de casa várias vezes, aos 17 anos, a primeira. Na rua provei de tudo, abuso, sexo, dor, fome e toda sorte que o mundo impõe a quem ousa ultrapassar os limites da ordem e do sistema. Ironicamente, só não provei drogas…. Por que? Porque minha vida era alucinada e meus dias em 3D, acredito que se tivesse provado drogas teria morrido….
Fazia atividades que incluiam a vida. Adorava a dança, o canto e o teatro… e vivia envolvida em coisas que me fizessem parecer, ou me ajudassem a fingir ser uma pessoa normal. Mas enquanto dançava, cantava e atuava durante o dia, a noite enfrentava demônios, falava com mortos e tinha experiências mágicas fisicas que teimavam em afastar minha mente do mundo humano.
Quando sai de casa pela primeira vez, comecei a estudar o Ocultismo, acabei virando Dark, usava preto e fazia parte de um mundo que era paralelo ao nosso: the Dark side!
Mas deixei de ser rapidinho, quando percebi que eles eram um grupo perdidinho… pelo menos o meu era! E na verdade com eles me sentia achada!!!
Bom, de tantas violências fisicas, sexuais, mágicas e expirituais, descobri na rua que podia usar certos poderes a meu favor, e assim fiz, para sobreviver ao mundo dos não amados por Deus. Confesso hoje, sentiria uma certa dorzinha no peito ao conhecer a menina, querendo ser mulher que usava a Magia de qualquer forma, por puro instinto e sofria muito, feito cão na verdade! Só queria ser normal. Queria que ela tivesse uma Mestre Wakanda na sua vida… Bom já passou! Minuto de Carência, pura luxúria! Vamos voltar a real…
Vivi grandes histórias de amor, como todas as pessoas na adolecência. Mas como fingia ser quem eu não era, nunca dava certo e parti muitos corações. Mas como explicar ao seu namorado que durante uma briga, foi você quem o fez se desequilibrar e cair, ou como dizer que foi você que quando estava com muita raiva, queimara todas as lâmpadas sem tocá-las, ou ainda e pior muito pior! Como dizer a um namorado que não foi só com você que ele transou enlouquecidamente a noite toda! Pois haviam outros seres no quarto! Ahhhh foi barra, mas também era, de certa forma,muito legal. Como por exemplo tirar sempre notas maravilhosas na escola, pois havia espiões espirituais por todos os lados! Ou sempre saber o que cairia na prova, pois sonhava com ela inteirinha na minha frente! É , eu também me diverti muito!
Quando me tornei uma Bruxa? Não sei, não lembro… Mas lembro de mover as coisas com a mente desde os 12 anos, lembro de conversar com os mortos a vida inteira, alias até hoje as vezes penso serem vivos os mortos que comigo falam… Lembro de fazer a Magia pela minha vontade, desde que senti medo pela primeira vez na vida! Lembro de mover o fogo como um dia assisti alguém mover as Brumas de um filme… e lembro de que existem demônios desde que tinha sete anos!
Hoje sou Bruxa, tenho um Coven de Mestres, que por sua vez espalham em seus Covens a semente da Tradição que eu fundei... Mas continuo atrás de respostas… Por isso, e por inúmeras outras razões que este livro não tem a pretensão da verdade, é apenas a experiência da pessoa mais perdida que já conheci: Eu mesma, mas que achou um caminho… a Deusa, e continua aprendendo todos os dias… Não quero ser a verdade, ou impôr minha verdade! Quero repartir o pão e o vinho no Sabat de minha existência, deixar escrito o meu achado, para que sirva de informação, nada mais, nada menos, a todos que juntam informações para um dia terem respostas a suas perguntas…. Não sou a verdade, mas estas são as verdades da minha vida!