O Sagrado Masculino há muito foi esquecido, diante
de um tempo em que a humanidade cultivou o medo, e criou verdadeiras muralhas
entre os Deuses e os homens.
Nosso
primeiro passo é compreender que na natureza, em Gaia, desde os primórdios dos
tempos, os chifres são símbolo de poder. Quanto maior a galhada, maior o poder
do animal, maior sua virilidade. A humanidade copiou estas honras colocando em
seus Reis coroas pontudas. Assim, a imagem de seres masculinos detentores de
poder se perpetuou, infelizmente deturpando sua origem.
Em um tempo muito anterior a Cristo e toda a
mitologia que o circunda, a imagem do ser ainda hoje tido por boa parte da
população do planeta como “O grande ser maligno” não passa do simbolismo mais
antigo do poder masculino nas florestas – o Grande Cernunos, Deus Chifrudo
cultuado por Pagãos de todo o mundo até hoje. Escolhida a dedo pelos primeiros comandantes da Igreja, a representação
do “mal absoluto” com grandes chifres e corpo meio humano, meio animal, se
enquadra exatamente nos padrões dos seres divinos e elementais com os quais as
Bruxas mais antigas tinham relação. Muito apropriado, aliás, em um grande golpe
político associar a figura do macho pagão com a natureza fétida do ser humano
para poder destinar milhares de pessoas ao fim de sua cultura. Felizmente, o
povo antigo sempre retorna.
A verdade é que independente de para onde
olhamos no Mundo Antigo, Lúcifer (do Latim “lux” – luz; e “fero” – portador)
está lá como um grande sábio, conhecedor íntimo da alma humana. Seja como “A
Estrela da Manhã” da Babilônia, associada com o planeta Vênus, formando um
esterno casal sagrado; seja como o Grande Guardião das florestas de Elêusis,
nas quais diante dos Mistérios Iniciáticos Gregos homens e mulheres se viam em
meio aos seus maiores temores para provarem sua lealdade consigo e com seus
irmãos de jornada; seja como Deus romano da Luz, amante de Diana (a Deusa
romana da Lua) com quem teve a filha Aradia; seja como Pã, o grande fauno
amante das ninfas mais belas; seja como o maior de todos os Guardiões do Mundo
Inferior, posição detida até os dias atuais.
Se voltarmos no tempo e espaço do Mito do Fogo
e da Luz, chegaremos a Prometeu, e seu principal mito explica detalhadamente a
transformação deste Imortal em Guardião do Mundo Inferior e o Portador da Luz.
Vamos à Investigação Intelectual Sagrada – ou
seja, pensar sobre os fatos!
Resumo
do Mito
Prometeu, sabendo que pela quinta vez os Deuses
destruiriam a humanidade, por sua incapacidade de alcançar o Sagrado, rouba o
Fogo Olímpico e nos entrega. Já possuíamos o fogo, mas não sua consciência
espiritual. Assim a humanidade ganha um novo caminho para sua evolução e é
salva da destruição.
Prometeu foi condenado por Zeus a viver 30 mil
anos preso a uma montanha, onde todas as manhãs uma águia lhe comia o fígado,
que a noite voltava a refazer, devido a sua imortalidade.
Voltamos à Investigação Intelectual Sagrada!
Energeticamente o fígado é responsável por
manter o livre fluxo do corpo. Assim, ele direciona a circulação do sangue e
regula principalmente o ciclo menstrual. Chegando a ser considerado o órgão
mais importante no corpo feminino. Mas o seu principal papel é o equilíbrio
emocional, é ele o responsável energeticamente por todas as nossas respostas e
estímulos emocionais.
Nossas emoções passam pelo fígado 24h por dia,
boas ou ruins, e são por ele equilibradas. Quando reprimimos nossos
sentimentos, ele entre em um desequilíbrio energético, que irá se manifestar de
diversas formas, dependendo da sua localização. Podemos então, ter insônia,
hipertensão, enxaqueca, gastrite, tensão pré-menstrual, e por aí vai.
Sendo assim, retirar o fígado magicamente, ou
tê-lo comido pela ave de Zeus, é uma alusão máxima no Mito ao fato de ter
retirado de sua matéria ciclicamente a água, e portanto o feminino ativo.
O Mito também fala que Prometeu foi preso por
Hefesto na pedra, por correntes por ele forjadas. Assim temos o seguinte
processo mágico a nossa frente:
Prometeu
sobre a pedra (terra) preso a ela por correntes (terra + fogo) e tendo o fígado
comido (água sendo retirada) pela águia (ar)
Resultado: a dualidade potencializada para o
Masculino.
O preparo de um Portador de fogo!
Tornando-se o Portador da Luz, assumiu seu novo
lugar e trono, o Mundo Inferior. E isso reflete-se no Mito na passagem em que
ele assume o “carregar a humanidade nas costas”. Ou seja, viver no mundo abaixo
de nós, e nos ajudar na evolução e equilíbrio que ele afirmou sermos capazes.
Durante este longo processo, Prometeu não
estava sendo punido por Zeus e sim transformado!
Tanto que sua história e feitos não ficaram
parados durante todo este tempo... Ele é citado como, já falamos, como o
Portador da Luz pela história da humanidade.
Fato é que principalmente nos últimos 11 mil
anos é clara a Formação Sagrada da Dualidade Divina, que foi manifesta pelo
primeiro Consorte em diversas faces. Até chegarmos ao Macho Pagão, símbolo
máximo do Sagrado Masculino.
Mas o ato de confiança à humanidade precisava
ser honrado e reconhecido por todos. E é por isso que a imposição de Zeus
deixava claro que Prometeu só poderia ser solto se mais alguém concordasse com
seu ato e o soltasse, e que isso só seria válido se alguém tomasse o seu lugar
perpetuando a ato à humanidade.
E chegamos a Hercules e Kiron. Foi Hercules
quem abateu a águia de Zeus e Kiron, o centauro ferido, se oferece para ficar
em seu lugar. Ato que garante o fim de seu sofrimento, pois foi desta forma que
Zeus lhe concede a mortalidade.
Sendo assim, um ser de tamanha grandeza,
presente em muitas civilizações e suas culturas, não pode pura e simplesmente
ser colocado no rol das essências mais baratas criadas em Gaia, caindo no
versário popular como a própria visão do caos. Por isso cada vez mais se torna imprescindível
a pesquisa, o estudo e então o entendimento mais real e aproximado da origem
dos fatos.
Lúcifer jamais deixou sua essência primordial,
e em meio a todo o processo de desconfiguração do ser humano como sagrado e,
portanto, de suas energias como sagradas, ele esteve presente olhando
atentamente a tudo e guiando como podia as ações humanas em Gaia.
Assim, chega à Tradição Imortais da Terra como
uma de suas maiores fontes de sabedoria antiga.
A Bruxaria é versada sobre o equilíbrio entre
tudo o que rodeia e permeia a vida humana. Os mundos paralelos são tão
importantes quanto o físico onde acordamos, trabalhamos e dormimos todos os
dias. E não é diferente com o plano descencionado. Muito pelo contrário!
Afinal, como diz o próprio sábio Lúcifer: “Se
acima de nós está o mundo ascencionado e abaixo de nós o descencionado,
habitamos o meio. E se habitamos o meio é porque somos o equilíbrio entre estas
duas forças”. Ambas as forças nos habitam e devemos cuidar de cada uma de
forma homogênea. E ainda podemos completar: se o mundo ascencionado cuida do
espírito, é o descencionado que cuida da matéria.
Sendo assim, em muito tempo não é de tão vital
importância que olhemos com cuidado e carinho para nossa vida material, física.
Durante 2000 anos fomos mergulhados constantemente em um grande mar de
tropeços, dores e traumas por termos sido afastados da vida espiritual natural,
direta. Mas mais ainda por termos
esquecido de que alimentar o corpo é tão importante quanto alimentar o
espírito.
Lúcifer chega aos tempos atuais forçando-nos a
erguer a cabeça e respirar os ares de Aquário, saindo das águas turbulentas de
Peixes que em tese geraram dor e resignação nas pessoas. Em algum lugar ouvi
que Lúcifer é um fã do ser humano. E olhando para ele em sua forma e regência
originais, olhando para cada veia do Sagrado em que já se fez presente, é
bastante simples concordar com esta afirmativa.
Quando o resgate da essência espiritual do ser
humano se torna uma feliz realidade mundialmente, se faz necessário também
olharmos com o mesmo cuidado para o nosso resgate enquanto seres dependentes do
mundo material para viver e sobreviver sobre estas terras. E tão importante
quanto o mundo que nos cerca é o corpo que carregamos todos os dias, tão
sagrado quanto nosso espírito. Não apenas uma máquina perfeita para o trabalho
e estudo, mas mais ainda para a geração da vida que habita este mesmo mundo.
Resgatar a imagem original de Lúcifer é
resgatar a luz original, seja do masculino hoje também deturpado, seja do mundo
descencionado hoje marginalizado, seja do ser humano hoje esquecido.
Alimente o espírito e chegará aos Deuses que
habitam seu interior. Alimente a matéria e chegará ao ápice da Criação
Divina.
O Caminho da Galhada é a Reconquista do Poder!
Wakanda Layuth Mahatb
Mestre maior da Tradição Imortais da Terra