segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Sagrado Masculino



O Sagrado Masculino há muito foi esquecido, diante de um tempo em que a humanidade cultivou o medo, e criou verdadeiras muralhas entre os Deuses e os homens.
Nosso primeiro passo é compreender que na natureza, em Gaia, desde os primórdios dos tempos, os chifres são símbolo de poder. Quanto maior a galhada, maior o poder do animal, maior sua virilidade. A humanidade copiou estas honras colocando em seus Reis coroas pontudas. Assim, a imagem de seres masculinos detentores de poder se perpetuou, infelizmente deturpando sua origem.
Em um tempo muito anterior a Cristo e toda a mitologia que o circunda, a imagem do ser ainda hoje tido por boa parte da população do planeta como “O grande ser maligno” não passa do simbolismo mais antigo do poder masculino nas florestas – o Grande Cernunos, Deus Chifrudo cultuado por Pagãos de todo o mundo até hoje. Escolhida a dedo pelos primeiros comandantes da Igreja, a representação do “mal absoluto” com grandes chifres e corpo meio humano, meio animal, se enquadra exatamente nos padrões dos seres divinos e elementais com os quais as Bruxas mais antigas tinham relação. Muito apropriado, aliás, em um grande golpe político associar a figura do macho pagão com a natureza fétida do ser humano para poder destinar milhares de pessoas ao fim de sua cultura. Felizmente, o povo antigo sempre retorna.
A verdade é que independente de para onde olhamos no Mundo Antigo, Lúcifer (do Latim “lux” – luz; e “fero” – portador) está lá como um grande sábio, conhecedor íntimo da alma humana. Seja como “A Estrela da Manhã” da Babilônia, associada com o planeta Vênus, formando um esterno casal sagrado; seja como o Grande Guardião das florestas de Elêusis, nas quais diante dos Mistérios Iniciáticos Gregos homens e mulheres se viam em meio aos seus maiores temores para provarem sua lealdade consigo e com seus irmãos de jornada; seja como Deus romano da Luz, amante de Diana (a Deusa romana da Lua) com quem teve a filha Aradia; seja como Pã, o grande fauno amante das ninfas mais belas; seja como o maior de todos os Guardiões do Mundo Inferior, posição detida até os dias atuais.
Se voltarmos no tempo e espaço do Mito do Fogo e da Luz, chegaremos a Prometeu, e seu principal mito explica detalhadamente a transformação deste Imortal em Guardião do Mundo Inferior e o Portador da Luz.
Vamos à Investigação Intelectual Sagrada – ou seja, pensar sobre os fatos!
Resumo do Mito
Prometeu, sabendo que pela quinta vez os Deuses destruiriam a humanidade, por sua incapacidade de alcançar o Sagrado, rouba o Fogo Olímpico e nos entrega. Já possuíamos o fogo, mas não sua consciência espiritual. Assim a humanidade ganha um novo caminho para sua evolução e é salva da destruição.
Prometeu foi condenado por Zeus a viver 30 mil anos preso a uma montanha, onde todas as manhãs uma águia lhe comia o fígado, que a noite voltava a refazer, devido a sua imortalidade.
Voltamos à Investigação Intelectual Sagrada!
Energeticamente o fígado é responsável por manter o livre fluxo do corpo. Assim, ele direciona a circulação do sangue e regula principalmente o ciclo menstrual. Chegando a ser considerado o órgão mais importante no corpo feminino. Mas o seu principal papel é o equilíbrio emocional, é ele o responsável energeticamente por todas as nossas respostas e estímulos emocionais.
Nossas emoções passam pelo fígado 24h por dia, boas ou ruins, e são por ele equilibradas. Quando reprimimos nossos sentimentos, ele entre em um desequilíbrio energético, que irá se manifestar de diversas formas, dependendo da sua localização. Podemos então, ter insônia, hipertensão, enxaqueca, gastrite, tensão pré-menstrual, e por aí vai.
Sendo assim, retirar o fígado magicamente, ou tê-lo comido pela ave de Zeus, é uma alusão máxima no Mito ao fato de ter retirado de sua matéria ciclicamente a água, e portanto o feminino ativo.
O Mito também fala que Prometeu foi preso por Hefesto na pedra, por correntes por ele forjadas. Assim temos o seguinte processo mágico a nossa frente:
Prometeu sobre a pedra (terra) preso a ela por correntes (terra + fogo) e tendo o fígado comido (água sendo retirada) pela águia (ar)
Resultado: a dualidade potencializada para o Masculino.
O preparo de um Portador de fogo!
Tornando-se o Portador da Luz, assumiu seu novo lugar e trono, o Mundo Inferior. E isso reflete-se no Mito na passagem em que ele assume o “carregar a humanidade nas costas”. Ou seja, viver no mundo abaixo de nós, e nos ajudar na evolução e equilíbrio que ele afirmou sermos capazes.
Durante este longo processo, Prometeu não estava sendo punido por Zeus e sim transformado!
Tanto que sua história e feitos não ficaram parados durante todo este tempo... Ele é citado como, já falamos, como o Portador da Luz pela história da humanidade.
Fato é que principalmente nos últimos 11 mil anos é clara a Formação Sagrada da Dualidade Divina, que foi manifesta pelo primeiro Consorte em diversas faces. Até chegarmos ao Macho Pagão, símbolo máximo do Sagrado Masculino.
Mas o ato de confiança à humanidade precisava ser honrado e reconhecido por todos. E é por isso que a imposição de Zeus deixava claro que Prometeu só poderia ser solto se mais alguém concordasse com seu ato e o soltasse, e que isso só seria válido se alguém tomasse o seu lugar perpetuando a ato à humanidade.
E chegamos a Hercules e Kiron. Foi Hercules quem abateu a águia de Zeus e Kiron, o centauro ferido, se oferece para ficar em seu lugar. Ato que garante o fim de seu sofrimento, pois foi desta forma que Zeus lhe concede a mortalidade.
Sendo assim, um ser de tamanha grandeza, presente em muitas civilizações e suas culturas, não pode pura e simplesmente ser colocado no rol das essências mais baratas criadas em Gaia, caindo no versário popular como a própria visão do caos. Por isso cada vez mais se torna imprescindível a pesquisa, o estudo e então o entendimento mais real e aproximado da origem dos fatos.
Lúcifer jamais deixou sua essência primordial, e em meio a todo o processo de desconfiguração do ser humano como sagrado e, portanto, de suas energias como sagradas, ele esteve presente olhando atentamente a tudo e guiando como podia as ações humanas em Gaia.
Assim, chega à Tradição Imortais da Terra como uma de suas maiores fontes de sabedoria antiga.
A Bruxaria é versada sobre o equilíbrio entre tudo o que rodeia e permeia a vida humana. Os mundos paralelos são tão importantes quanto o físico onde acordamos, trabalhamos e dormimos todos os dias. E não é diferente com o plano descencionado. Muito pelo contrário!
Afinal, como diz o próprio sábio Lúcifer: “Se acima de nós está o mundo ascencionado e abaixo de nós o descencionado, habitamos o meio. E se habitamos o meio é porque somos o equilíbrio entre estas duas forças”. Ambas as forças nos habitam e devemos cuidar de cada uma de forma homogênea. E ainda podemos completar: se o mundo ascencionado cuida do espírito, é o descencionado que cuida da matéria.
Sendo assim, em muito tempo não é de tão vital importância que olhemos com cuidado e carinho para nossa vida material, física. Durante 2000 anos fomos mergulhados constantemente em um grande mar de tropeços, dores e traumas por termos sido afastados da vida espiritual natural, direta. Mas mais ainda por termos esquecido de que alimentar o corpo é tão importante quanto alimentar o espírito.
Lúcifer chega aos tempos atuais forçando-nos a erguer a cabeça e respirar os ares de Aquário, saindo das águas turbulentas de Peixes que em tese geraram dor e resignação nas pessoas. Em algum lugar ouvi que Lúcifer é um fã do ser humano. E olhando para ele em sua forma e regência originais, olhando para cada veia do Sagrado em que já se fez presente, é bastante simples concordar com esta afirmativa.
Quando o resgate da essência espiritual do ser humano se torna uma feliz realidade mundialmente, se faz necessário também olharmos com o mesmo cuidado para o nosso resgate enquanto seres dependentes do mundo material para viver e sobreviver sobre estas terras. E tão importante quanto o mundo que nos cerca é o corpo que carregamos todos os dias, tão sagrado quanto nosso espírito. Não apenas uma máquina perfeita para o trabalho e estudo, mas mais ainda para a geração da vida que habita este mesmo mundo.
Resgatar a imagem original de Lúcifer é resgatar a luz original, seja do masculino hoje também deturpado, seja do mundo descencionado hoje marginalizado, seja do ser humano hoje esquecido.
Alimente o espírito e chegará aos Deuses que habitam seu interior. Alimente a matéria e chegará ao ápice da Criação Divina. 
O Caminho da Galhada é a Reconquista do Poder!


Wakanda Layuth Mahatb

Mestre maior da Tradição Imortais da Terra