quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Histórias de uma vida que viraram Tradição

 

                      
Imortais da Terra


... Gostinho do Primeiro Capítulo...
Em 1994, com 21 anos, viajei a primeira vez a Portugal e em uma Casa de Fados, ouvindo Lurdes cantar, sentada só em uma mesa qualquer, conheci  Ricardo, fotógrafo local que não demorou a puxar assunto, contando sobre as touradas portuguesas que fotografava e me perguntando sobre o Rio de Janeiro, Copacabana e o Carnaval. Bom, marcamos de sair na noite seguinte pois ele estava a trabalho.  E assim, lá estava eu na garupa de sua moto indo jantar  em um pequeno castelo que na época havia sido transformado em restaurante, após vinho e alguma conversa, sentada ainda na mesa, minha visão abriu, é exatamente isso, mico geral, sentada na frente de um rapaz lindo, começando a enxergar outros mundos, lembro-me do pensamento que na hora da raiva descrevia  o que eu senti: Droga! Queria somente uma noite romântica! Mas, tudo começou a sair do lugar e perder o foco, meu estômago virou de pontas pro ar e pensei: estou perdendo o equilíbrio! Imaginei minha cabeça batendo na mesa, na frente do rapaz, tentando controlar a raiva e a situação, quase chorando, senti Ricardo segurar minhas mãos e dizer: calma, também estou vendo. Pensei, como assim? Fiquei mais nervosa ainda, será que todos estão vendo? Será que isto está acontecendo agora pra todos? Tentei olhar ao redor e ele segurou meu rosto, falando: - Eu estou vendo. Calma, relaxe.
No mesmo momento em que relaxei, estávamos do lado de fora e senti seu braço ao redor de minha cintura, como quem quisesse me dar apoio, ouvi  gritos ao longe. Fiquei ali parada tentando entender, enquanto os gritos ficavam mais nítidos, de repente pessoas começaram a passar por mim, chorando e gritando desesperadas, vi casas ao longe em chamas, que mais pareciam grandes fogueiras. Era uma aldeia em chamas e pessoas abandonando tudo. Neste momento, pensei, como ele estava vendo o mesmo que eu? Isto nunca tinha acontecido. Meus amigos vez por outra viam os mesmos espíritos e seres que eu, mas visões de outras vidas, lembranças de outras épocas, nunca ninguém tinha compartilhado comigo.